José Mattoso subscreve tese de Almeida Fernandes
Instala-se polémica sobre se D. Afonso Henriques terá nascido em Viseu Em Guimarães tem duas estátuas, em Viseu são poucas as imagens do primeiro rei de Portugal, existindo apenas dois pormenores nos painéis de azulejos do século XVIII, nos claustros da Catedral, um a cumprimentar S. Teotónio e outro a assistir à ordenação de cónegos. Mas a pergunta impõe-se, de novo, passados 17 anos: Afinal, onde nasceu D. Afonso Henriques.
A discussão surge, de novo, a propósito da reedição, este mês, da obra do historiador Almeida Fernandes “Viseu, Agosto de 1109 - Nasce D. Afonso Henriques”, através da Fundação Mariana Seixas.
A discussão surge, de novo, a propósito da reedição, este mês, da obra do historiador Almeida Fernandes “Viseu, Agosto de 1109 - Nasce D. Afonso Henriques”, através da Fundação Mariana Seixas.
O investigador sustenta a sua tese em, basicamente, duas fundamentações, explica o editor do livro, António José Coelho: Uma é que os pais de D. Afonso Henriques não vão entregar o Foral de Azurara porque estavam em Viseu e D. Teresa perto de ter o filho. A segunda diz que a cerimónia de doação do Mosteiro de Lorvão, em Coimbra, não contou com a presença de D. Teresa e teve que se realizar poucos dias depois também em Viseu, porque não se podia deslocar. José Coelho completa que a tese do medievalista “é o primeiro estudo realmente feito” sobre o nascimento de D. Afonso Henriques: “Pegou em todos os documentos originais da altura, analisou cada um, e foi reduzindo probabilidades de datas”.
A tese de Almeida Fernandes é já subscrita por historiadores como José Mattoso e ganha, cada vez mais, consistência, estando o debate longe do fim. O presidente da Fundação Mariana Seixas Francisco Peixoto explica que a reedição do livro foi decidida em 2005 fora do contexto da polémica sobre o local onde nasceu o primeiro rei de Portugal, mas reconhece que “não pode ser vista fora do contexto” e concorda que “ganhou nova actualidade”.
Agradado com a hipótese de D. Afonso Henriques poder ter nascido em Viseu, o presidente da Câmara, Fernando Ruas não se mostra interessado em assumir a liderança da polémica. “Vamos primeiro deixar que os académicos se pronunciem”, sublinhou, acrescentando não estar disponível para “dar início a qualquer luta”.
Passo a passo
Em 1990 é lançado o Dicionário Enciclopédico da História de Portugal, de José Hermano Saraiva. Em Fevereiro de 1990, José Hermano Saraiva vai a Guimarães apresentar a edição do Foral e é recebido por uma manifestação de populares, por a sua obra referir que D. Afonso Henriques nasceu em Coimbra.Em 20 de Abril de 1990, a Associação Unidade Vimaranense escreve uma carta a Almeida Fernandes, a solicitar um estudo sobre a data e o local do nascimento de D. Afonso Henriques, que nunca é publicado.A Revista Beira Alta, de Viseu, começa a publicar o estudo do historiador Almeida Fernandes, onde ele refere que o primeiro rei de Portugal nasceu em Viseu.
Em 29 de Novembro de 1991, a Câmara de Viseu e a Sociedade Histórica da Independência de Portugal organizam uma conferência integrada nas comemorações do primeiro de Dezembro e convidam Almeida Fernandes. O historiador é representado pela filha, Flávia de Almeida Fernandes e, mais uma vez, defende a tese que D. Afonso Henriques nasceu em Viseu. A conferência foi notícia nos jornais nacionais, dando uma dimensão mais alargada à polémica.O jornal “Comércio de Guimarães” reage contra Almeida Fernandes.Em 1993, o Governo Civil de Viseu publica em livro, a obra de Almeida Fernandes, “Viseu, Agosto de 1109 - Nasce D. Afonso Henriques”. (já esgotado)Em 2004, a Fundação Mariana Seixas, de Viseu, institui o prémio A. de Almeida Fernandes, que distingue anualmente os melhores trabalhos de história medieval portuguesaA Fundação Mariana Seixas prepara-se para lançar uma nova edição da obra.
Texto de Emília Amaral
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