quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Centro histórico: Projecto da Parque Expo vai estar em discussão pública

Mais população e postos de trabalho
A Câmara Municipal promete promover em breve um debate quando for apresentado o estudo que encomendou para a parte antiga da cidade.
Investimento ronda dos 100 milhões de euros.
O relatório sobre o centro histórico de Viseu, que a Câmara Municipal encomendou à sociedade Parque Expo, será em breve publicamente apresentado.
De acordo com as primeiras indicações avançadas pelo município, “o estudo estrutura a intervenção em quatro categorias de princípios e de valores fundamentais interligados entre si”: ambiente e espaço público; desenvolvimento social, económico e cultural; património e reabilitação; mobilidade e transportes.
Depois de concretizado um primeiro conjunto de intervenções, ainda não conhecidas, “e que se desenvolverão ao longo de uma década”, o estudo prevê “um acréscimo da população; um aumento do número de postos de trabalho; a disponibilização de novas estruturas de verde para fruição pública; o aumento do número de lugares de estacionamento automóvel; um sensível aumento do valor dos metros quadrados a reabilitar; novas construções e novos equipamentos de índole variada”.
De acordo o estudo, o investimento previsto é de 100 milhões de euros, cabendo 70 milhões à iniciativa privada e os restantes 30 a entidades públicas, segundo dados avançados pelo presidente do município, Fernando Ruas, na última reunião da Assembleia Municipal.
Deputados de todos os partidos reconhecerem que é preciso fazer “alguma coisa pelo centro histórico”. A oposição considerou o actual executivo da câmara, há 18 anos no poder, como o principal responsável pela situação a que se chegou.
Durante a discussão, foram avançadas algumas ideias – entre elas, criar no centro histórico uma residência de estudantes; levar para lá a loja do cidadão e outros serviços públicos; criar o cartão de residente para que as pessoas que ali vivem possam levar com o carro as compras até à porta de casa, sem terem que andar a carregar com os sacos; criar um prémio para a melhor reabilitação do património.
Para o autarca, estas e outras sugestões poderão ser apresentadas quando o estudo da Parque Expo for colocado em discussão pública. Fernando Ruas alertou, todavia, que poderão ou não ser integradas, de acordo com os responsáveis pela elaboração do estudo. Um recado dirigido às galerias do público onde estavam representantes do movimento de cidadãos que recolheu cerca de 800 assinaturas para uma petição, em que era solicitado aos órgãos autárquicos a realização de um debate sobre a revitalização do centro histórico.
No período reservado às intervenções do público, quatro desses elementos usaram da palavra. Congratularam-se com a discussão pública a que vai ser sujeito o estudo da Parque Expo, mas lamentaram que a AM tivesse rejeitado propostas de organização de um debate mais alargado.
Vergonha
As intervenções do público criaram algum incómodo no presidente da câmara, que, embora não sendo hábito, como realçou, pediu para falar depois das tomadas de posição dos cidadãos que estavam nas galerias. Lembrou que ele é o legítimo representante das populações e que, por isso, estes movimentos não podem reclamar para si a exclusividade da representatividade dos cidadãos, “porque nós, que estamos aqui dentro, é que representamos os outros”. Sobre as críticas ao estudo da DECO, Fernando Ruas lamentou que alguns viseenses ponham em causa esse mesmo estudo. “Eu faço ideia se a nossa posição fosse ao contrário. O estudo da Proteste valia, tinha amostra técnica e tinha tudo isso”, referiu.
Ainda em resposta a Fernando Figueiredo, antigo proprietário da livraria da praça, que fechou no centro histórico por falta de movimento, o presidente da câmara, lembrando que o conhecia desde pequeno, disse “ter a certeza que com o Fernando Figueiredo o centro histórico não estaria na situação em que está”.
“Seria bom que os projectos em que se mete (Fernando Figueiredo) fossem levados até ao fim com a mesma vontade e desejo que aqui demonstrou”, referiu o autarca. Nesta altura, ouviu-se das galerias um berro com a palavra “vergonha”. Na sala da Assembleia Municipal fez-se silêncio. Fernando Ruas perguntou, então, se “isso era permitido”, o que levou o presidente da AM a apelar ao comportamento do público, porque aquela era “uma casa onde as pessoas se comportam com civilidade”.
Estudo da DECO posto em causa
Durante uma das quatro intervenções do público, Fernando Figueiredo, para além das considerações sobre o presente e futuro da zona mais antiga da cidade, referiu-se ao estudo da DECO que aponta Viseu como a cidade com a melhor qualidade de vida do país. Disse ser um estudo “não científico, feito em 18 distritos, onde 2.200 pessoas, assinantes da revista Proteste, o que dá uma média de 122 pessoas, resolveram responder a uma série itens. Não é exactamente igual a um estudo que a Proteste faça sobre máquinas de lavar, que é uma coisa extremamente objectiva”.
Embora realce que o resultado lhe agrada, “porque é em Viseu que vive e quer viver, alertou para a falta de ficha técnica".

texto de António Figueiredo in Diário As Beiras

1 comentário:

Anónimo disse...

Quando foi anunciado a deslocação de um serviço que deve estar ao dispor, em todos os sentidos até o da proximidade, dos munícipes para um centro comercial viu-se logo que não era um acto "inocente".
Com espaços bem localizados como o que se encontra no Largo em frente dos Correios, na 5 de Outubro(onde esteve em tempos a Escola Acdémica), na Capitão Silva Pereira(onde está um parque auto) entre, porventura, outros não se entende, ou melhor até se entende, que a Loja fique tão distante do Centro.