quarta-feira, 30 de abril de 2008

Movimento de cidadãos quer serviços públicos no Centro Histórico

Viseu, 30 Abr (Lusa) - O movimento de cidadãos que tem lutado pela revitalização do centro histórico de Viseu defendeu hoje a abertura naquela zona de serviços da administração central e local, que dêem aos privados "um sinal forte" da vontade de aí investir.
Alexandre Azevedo Pinto, membro do movimento que no final do ano passado promoveu a "Petição pela revitalização urbana do centro histórico de Viseu" (que juntou 900 assinaturas), apontou como "feridas abertas" nesta zona da cidade a "degradação muito grande" do parque residencial, o decréscimo "muito acentuado" e o envelhecimento da sua população e a "crise profundíssima do comércio de rua".

Ainda que lamente que Viseu não tenha conseguido avançar atempadamente com soluções - como fizeram, por exemplo, Guimarães e Évora - e que as medidas que vierem a ser tomadas para contrariar esta "crise estrutural" demorem tempo a surtir efeito, considera que as administrações central e local deviam estar "muito atentas a este problema e dar um sinal muito forte à iniciativa privada".

Alexandre Azevedo Pinto questionou, por exemplo, porque é que "um serviço tão importante e de referência e com uma componente tão sólida" como a nova geração das Lojas do Cidadão não se instala no centro histórico.
"Esse seria um sinal vital da definição de prioridades políticas", frisou, considerando que "os agentes económicos perceberiam que o centro histórico era uma prioridade".
Por outro lado, defendeu que "a Câmara Municipal podia esforçar-se em colocar um conjunto de serviços municipais no centro histórico".

"Não faz sentido que estejam todos num único edifício", afirmou, dando como exemplo "um conjunto de competências da área cultural e serviços de recursos humanos" que, na sua opinião, dariam "um sinal forte para os agentes privados" avançarem também com os seus investimentos.
Alexandre Azevedo Pinto lembrou que um dos últimos investimentos de iniciativa privada em Viseu foi o Palácio do Gelo Shopping, que considera "óptimo", mas que "procura claramente criar um novo centro para a cidade", na Quinta da Alagoa.

"Essa nova centralidade é claramente concorrente ao centro histórico. Devia haver políticas que equilibrassem a pressão fortíssima que há para esvaziar o centro histórico", defendeu.
Tendo em conta que o centro histórico é "um cartão de visita" de Viseu, questionou também a inexistência, naquela zona, de um posto de turismo que oriente os turistas para determinados roteiros.
"Sinto que a maior parte dos turistas anda um bocado perdida na cidade", acrescentou, lembrando o tempo em que havia até um roteiro das janelas manuelinas.
Por tudo isto, Alexandre Azevedo Pinto considera que Viseu "bateu no fundo" em termos de potencial histórico, turístico e patrimonial.

Fernando Figueiredo, outro dos membros do movimento de cidadãos, lembrou que, no início do mês, foi apresentado um estudo de enquadramento estratégico para a revitalização do centro histórico - pedido pela Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) Viseu Novo à Parque Expo -, que divide aquela zona da cidade em oito unidades operativas, representando um investimento global de 114 milhões de euros.
Na sua opinião, este não deveria sequer ter o nome de estudo estratégico, porque "foi feito por uma empresa que se dedica ao rejuvenescimento urbano e está muito ligado ao betão".
Por considerar que, apesar de prever uma série de obras, o estudo "não vai directamente ao cerne da questão" e esquece "um pilar fundamental constituído pelas pessoas, cultura e educação, que não está expresso nessas oito unidades operativas", prefere chamar-lhe "um embuste".

O movimento de cidadãos defende que este estudo deve ser alvo de um debate alargado, não ficando limitado a uma apresentação pública feita em "powerpoint" para 170 pessoas e um convite aos viseenses para mandarem as suas sugestões por escrito.

Por isso, vai promover um debate no dia 17 de Maio, fazendo votos para que o presidente da Câmara Municipal, Fernando Ruas, outros políticos e actores sociais da cidade respondam positivamente ao convite para estarem presentes.

texto de AMF./ Lusa

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