quinta-feira, 17 de abril de 2008

"Tratar do centro histórico é um quebra-cabeças"

Vestiram a pele de jornalistas e confrontaram o presidente da Câmara de Viseu com questões da actualidade relacionadas com o concelho. Desde a recente abertura do Palácio do Gelo e o impacto negativo que poderá ter no comércio tradicional, até à desertificação do centro histórico da cidade. Fernando Ruas aceitou o desafio e não deixou perguntas sem resposta.
O frente-a-frente foi ontem e juntou sete dezenas de estudantes, de três escolas da cidade, na tenda gigante instalada no recinto da Feira de S. Mateus. Tudo no âmbito das comemorações dos 120 anos do Jornal de Notícias. Participaram as escolas Infante D. Henrique, Viriato e Azeredo Perdigão.

No confronto e à pergunta de Daniel Aparício (aluno da Viriato) sobre a situação do centro histórico, o autarca assumiu tratar-se de um "quebra-cabeças". Reconheceu as queixas dos moradores contra os ruídos nocturnos, o estigma da desertificação e as repercussões sociais do êxodo de muitos para a periferia urbana. Mas deixou claro "Não vou para lá fazer filhos", ironizou. Avançou, contudo, um conjunto de projectos, alguns em marcha, para dobrar de dois para quatro a cinco mil o número de residentes.

A saber desafiar jovens casais a optar por aquela zona para viver, transferir alguns bares para junto do rio Pavia e limitar o funcionamento dos que ficam, instalar ali sedes de juntas de freguesia, criar zonas de estacionamento, lançar espaços de lazer, criar mais corredores pedonais e impedir a circulação do trânsito no seu miolo.
Questionado sobre questões ambientais, Fernando Ruas sorriu, para dentro. O tema é-lhe caro. Fez alusão ao Prémio Nacional do Ambiente, atribuído a Viseu há alguns anos, e lembrou a a mais recente distinção, que elege Viseu como a cidade com melhor qualidade de vida para se viver. Pelo meio, puxou ainda dos galões para lembrar o pioneirismo da ecopista e o parque urbano da Aguieira.

"E o combóio senhor presidente?", questionou Ana Silva, outra aluna. Ruas não se fez rogado. "Está nas mãos do governo. Fizemos a nossa parte e esperamos que façam a deles. A tutela deu boas indicações sobre o regresso do combóio à cidade. A única na Europa, de média dimensão, que não tem este meio de transporte", enfatizou.
A pergunta-resposta continuou a fluir, com temas diversificados actividade cultural, parques empresariais, desporto, etc. "Em matéria de cultura damos cartas. Somos das poucas cidades que tem uma companhia residente [Paulo Ribeiro], co-financiada por nós, a assegurar o teatro Viriato. Sem falar em equipamentos descentralizados pela cidade, de que é exemplo a Casa da Ribeira", sublinhou.

Texto de Rui Bondoso in Jornal de Notícias (17-04-2008)

Sem comentários: