quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Centro Histórico

O centro histórico de Viseu começa a ser "repovoado" de famílias e serviços. Organismos municipais, algum comércio e moradores começam agora a deslocar-se para o casco velho que tem vindo a ser recuperado, "para inverter a desertificação" que ameaçava o desenvolvimento económico-social da zona da cidade, sendo o funicular um instrumento importante. A Câmara Municipal de Viseu sabe que os proprietários dos edifícios na zona histórica são, maioritariamente, idosos e na grande maioria com fracos recursos. Alexandre Pinto, porta-voz do grupo de cidadãos de defesa do centro histórico, aplaude as iniciativas mas espera que as mesmas "sejam integradas como forma de se conseguir reabilitar uma zona que tem estado degradada e abandonada", conclui. Rui Macário, alfarrabista com loja no centro histórico, lembra que "o esforço tem sido feito e já se vêem mais pessoas. Agora cabe aos viseenses aproveitar e ganhar este hábito de vir à cidade velha".
Dinamizar o centro histórico era um dos objectivos do novo equipamento da cidade, em funcionamento há cerca de três semanas. Comerciantes e população reconhecem a mais-valia criada. Já viajaram mais de sete mil pessoas
Funicular ou engenho mecânico - o nome pouco importa aos viseenses que desde a sua entrada em funcionamento têm aderido ao novo meio de transporte que liga a Cava de Viriato ao centro histórico vencendo de forma cómoda a íngreme subida da Calçada de S. Mateus.

No casco velho os comerciantes reconhecem a mais-valia do funicular. Só nas primeiras duas semanas de funcionamento este meio de transporte não poluente largou mais de 7 mil passageiros no centro histórico, zona da cidade que necessita de revitalização, sendo um dos objectivos do equipamento contribuir para a dinamização.

O funicular, que pretende ser "um ex-líbris da cidade, irá continuar a manter as viagens gratuitas nos próximos quatro anos se o objectivo de levar mais gente ao centro histórico se continuar a verificar", salienta o presidente da câmara de Viseu. Fernando Ruas adianta que "em discussão está também o alargamento do horário para o período nocturno, bem como a frequência das viagens".
O funicular funciona entre as 08.30 e as 19.30 com viagens de 15 em 15 minutos ao início da manhã, almoço e final da tarde. No restante período passa de meia em meia hora.
O equipamento composto por duas carruagens, com capacidade para 50 pessoas cada, representa um investimento de 5,3 milhões de euros, inserido no programa Polis. Durante os dias de semana, o movimento ainda é reduzido mas aos fins-de-semana a viagem faz-se quase sempre com carruagens cheias.
O funicular demora cinco minutos a percorrer o trajecto até ao alto, já na colina da Sé. Nuno Loureiro, operador do funicular, conta que "todo o funcionamento é feito a partir do posto de comando, sendo que quem faz andar os dois funiculares são os operadores. O condutor apenas trava e verifica o trajecto". As carruagens lembram o comboio, com varões e bancos iguais. Até no barulho que fazem ao passar nas linhas.
Não há um que saia antes do outro - os dois funiculares partem ao mesmo tempo e terminam a viagem cinco minutos depois. Cruzam-se na Rua de Serpa Pinto e obrigaram à semaforização do trajecto. "Prioridade ao funicular" é a nova indicação de trânsito. A saída é em velocidade reduzida, seguida de um momento de aceleração e, ao aproximar-se das paragens, a lentidão instala-se, evitando solavancos ao parar. "É muito bom para as pessoas idosas que têm dificuldade em andar por caminhos íngremes", conta António Macieira, de S. Pedro do Sul e que se deslocou a Viseu para comprar equipamentos para a lavoura. "Com o comboio chego lá acima num instante."
Criticado por alguns, elogiado por muitos, o funicular é tema de conversa nas ruas da cidade para quem os cinco milhões de euros que custou "são um investimento exagerado e que não vai ter utilidade", comenta António Pedro sentado na esplanada da Pensão Viriato.
No casco velho, durante anos ao abandono, o funicular já se encarregou de desmistificar as críticas. Diz Gualter Mirandez, presidente da Associação Comercial de Viseu, que "aos fins-de-semana há mais afluência no centro histórico. Os restaurantes servem mais refeições e lanches".
Gualter Mirandez revela que "são pessoas que deixam as viaturas no Largo da Feira, fazem a visita ao centro histórico e acabam por ficar mais tempo e passear nas lojas", conclui.

in Diário de Noticias de 10-11-2009

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