Ex-cônsul de Portugal em Bordéus durante a II Guerra Mundial salvou milhares de pessoas da perseguição nazi
O Senado de Nova Iorque homenageou na segunda-feira Aristides Sousa Mendes, ex-cônsul de Portugal em Bordéus durante a II Guerra Mundial que salvou milhares de pessoas da perseguição nazi, escreve a Lusa.
«A Aristides Sousa Mendes é reconhecido o salvamento de cerca de 30 mil pessoas em 1940, quando (...) ignorou e desafiou as ordens do seu próprio governo parar assegurar a segurança de refugiados que escapavam às forças militares alemãs», refere a resolução aprovada pela câmara alta da assembleia estadual nova-iorquina, por iniciativa do senador luso-americano Jack Martins.
«Inspirado em parte pela sua amizade com o rabi Chaim Kruger, Sousa Mendes deliberadamente desobedeceu às ordens para não atribuir vistos a estrangeiros de nacionalidade indefinida ou contestada (...) ou judeus expulsos dos seus países de origem», adianta o texto.
Ao todo, refere, Sousa Mendes terá atribuído 30 mil vistos, não só a judeus, mas também a dissidentes políticos, oficiais de países ocupados e membros do clero, como padres e freiras.
A resolução foi apresentada a propósito da inauguração de uma exposição sobre o ex-cônsul nos arredores de Nova Iorque e do estabelecimento da Fundação Aristides Sousa Mendes nos Estados Unidos, segundo disse à Lusa o senador luso-americano.
«É a oportunidade de poder reconhecer um grande líder da história portuguesa, alguém que, pela sua coragem, pelo seu carácter, teve oportunidade de influenciar centenas de milhar de pessoas, e de forma real mudar a História, não só da Europa, mas mundial», adiantou Jack Martins.
A exposição organizada pela nova Fundação estará patente a partir do final desta semana e até 3 de Abril na cidade de Mineola, nos arredores de Nova Iorque, onde reside uma numerosa comunidade de origem portuguesa e de que Martins foi presidente de câmara até à eleição para o Senado em Novembro.
Para o senador, é uma oportunidade para mostrar aos luso-descendentes «os grandes heróis do passado» de Portugal, mas também o melhor do país aos norte-americanos.
«Falamos sempre no Vasco da Gama, Infante Dom Henrique ou reis, mas temos também um Aristides Sousa Mendes que na altura certa teve a coragem de fazer o que tinha a fazer e de afectar o mundo de uma maneira especial», disse à Lusa.
A exposição sobre Sousa Mendes foi inaugurada no domingo no Holocaust Memorial and Tolerance Center of Nassau County, coincidindo com a atribuição do estatuto de organização sem fins lucrativos à Fundação criada em Setembro de 2010.
A Fundação está já a recolher fundos para o projeto da Casa do Passal, residência da família Sousa Mendes em Cabanas de Viriato (Viseu) que se encontra em ruínas, que inclui um Museu e um Centro de Estudos.
Outra parte da missão é fazer uma listagem completa de todos os que foram directa ou indirectamente beneficiados pelos vistos portugueses, e seus descendentes, cujo número pode rondar as centenas de milhar, embora a maioria não conheça sequer o benfeitor.
in TVI
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