sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Carta Aberta de Apoio a Dalila Rodrigues


Carta aberta de apoio a Dalila Rodrigues

O Museu Nacional de Arte Antiga, o mais importante Museu público português, foi dirigido, nos últimos três anos, por Dalila Rodrigues.
Neste período e sob esta direcção, o MNAA viu crescer o seu público, reforçar a componente mecenática do seu financiamento, foi objecto de importantes reestruturações no seu circuito, programa e perspectiva museológica. Posicionou-se, sob a direcção de Dalila Rodrigues como uma instituição aberta, dinâmica e capaz de responder às necessidades do seu tempo, cumprindo melhor a sua missão de preservar, divulgar e educar.

A exoneração da sua Directora pelo Ministério da Cultura só pode, portanto, ter outras razões que não a sua competência, dedicação e empenho. Também só pode resultar de uma total desconsideração, por parte dos responsáveis ministeriais, pelos resultados obtidos pelo Museu; como se o melhor cumprimento da missão que dá razão de ser ao MNAA fosse irrelevante.

Quais são, então, as razões para a exoneração de Dalila Rodrigues?
Evidentemente, resultam da posição pública que a Directora tomou em favor de uma maior autonomia da instituição, quer em termos administrativos e financeiros como em termos da sua programação.
Trata-se, tão somente, de seguir o caminho de outras instituições congéneres, como o Museu do Prado, ou o Museu do Louvre. Ou seja, trata-se de seguir o caminho que permite uma maior ligação à comunidade científica, prestar um melhor serviço ao público, desenvolver um plano educativo e de divulgação mais consistente, ter flexibilidade e construir laços com parceiros mecenáticos e institucionais. Enfim, o que hoje devemos esperar de um museu.

A prática dos actuais responsáveis do Ministério da Cultura pauta-se por outras prioridades: promover a obediência, concentrar a decisão, controlar ideologicamente as instituições.
No presente caso, com total desrespeito pela competência, pelos resultados, pelo arrojo. Estamos, assim, confrontados com uma mistura de autoritarismo e autismo, de populismo e controlo.


Os abaixo-assinados vêm, assim, insurgir-se contra esta forma de entender a política cultural, reclamando uma visão mais aberta, dialogante e moderna. Recusamos este centralismo e falta de visão de futuro.

Exigimos, enfim, que Portugal não desperdice o que tem de mais importante e raro: a competência, o rigor e a determinação dos responsáveis certos no lugar certo.
Este era, certamente, o caso de Dalila Rodrigues como Directora do Museu Nacional de Arte Antiga.

Contamos consigo, muito obrigado.


Para assinar a carta aberta de Apoio a Dalila Rodrigues clique

http://www.petitiononline.com/Dalila/petition.html
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Dalila Rodrigues, nasceu em Penedono (Distrito de Viseu), foi directora do Museu Grão Vasco de Viseu, desde Março de 2001, e Professora Coordenadora do Instituto Superior Politécnico de Viseu.

Doutorada em História de Arte pela Universidade de Coimbra e investigadora especializada em História de Pintura Portuguesa, tem desenvolvido uma longa actividade docente e participado em diversos projectos de investigação, alguns deles nos EUA, com o apoio da Comissão Luso-Americana, e na Índia, com o apoio da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses.

Foi nomeada, em Setembro de 2004, Directora do Museu Nacional de Arte Antiga que durante a sua gestão duplicou o número de visitantes. Em 2003 passaram pelo museu das Janelas Verdes 71.973, em 2006 os visitantes foram 192.452. Pela mesma ordem de comparação, antes e depois da sua direcção, as receitas da instituição passaram de 250 mil euros, em 2003, para um milhão e 109 mil euros, em 2006.
"Os resultados são estes. Estão à vista de todos. Apesar de, para o dr. Oleiro, o meu tenha sido um bom trabalho de divulgação. Até dos tectos todos a cair e actualmente completamente restaurados se esqueceu", adianta ainda e vai mais longe: "Em finais de Março deste ano, quando Paolo Pinamonti foi afastado do S. Carlos, alguém me avisou que a próxima a ser convidada a sair seria eu, não quis acreditar. Mas, de facto, ambos tínhamos discordado da tutela", comenta ainda Dalila Rodrigues, que, já em casa, passou todo o dia de hoje a receber telefonemas de anónimos e amigos do museu que lhe quiseram manifestar todo o apoio. A onda de solidariedade pode mesmo vir a ser semelhante à que juntou várias individualidades em defesa do ex-director artístico do S. Carlos.
Este mês foi afastada da Direcção do Museu pela Ministra da Cultura.

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