segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Viaturas podem passar junto ao Largo da Sé

Ruas aceitou a proposta dos proprietários dos bares e restaurantes e visitou o centro histórico. Os carros poderão circular em duas artérias de acesso à zona velha da cidade.
O presidente da Câmara de Viseu, Fernando Ruas, autorizou a circulação automóvel, junto ao Largo da Sé Catedral e a igreja da Misericórdia. Os carros poderão entrar pela Travessa da Misericórdia e descer pelo Largo António José Pereira. Desta forma, os carros passarão no centro histórico, sem no entanto entrarem no miolo da zona velha da cidade. “A ideia agrada-me muito e vai ao encontro do que pretendemos”, referiu o autarca, depois de ouvir a proposta apresentada por José Hilário, representante dos proprietários dos bares e restaurantes do centro histórico. A decisão foi tomada durante o fim-de-semana, depois de Fernando Ruas ter visitado aquela zona da cidade, tal como tinha ficado acordado numa reunião com os empresários dos estabelecimentos que funcionam durante a noite. Recorde-se que os proprietários têm protestado o facto da autarquia ter proibido a circulação automóvel no Centro histórico, às sextas-feiras e sábados, entre as 21H30 e as 02H00, alegando uma diminuição de clientela, estimada em cerca de 50 por cento.
Depois de reunirem com o presidente da Câmara de Viseu, na passada sexta-feira, os proprietários dos bares e restauração decidiram fazer um passeio nocturno, pela zona da cidade, com o presidente da Câmara. O objectivo era verificar in loco os efeitos da proibição automóvel. “Há muita gente no centro histórico”, referiu o autarca no decorrer da visita. “Terei de voltar cá quando houver carros para poder comparar”, adiantou Ruas que não escondeu a satisfação. “Deu-me muito gozo subir a rua do comércio, sem ter de ver se vêm ou não carros”, sublinhou. O presidente da Câmara de Viseu já garantiu que o período experimental sem carros irá decorrer até ao próximo dia 21 de Setembro e só depois fará uma avaliação final dos resultados. A autarquia pondera também a hipótese de financiar os custos da animação que os proprietários de bares e restaurantes querem ver no local, por forma a chamar pessoas ao centro histórico. “Estamos a pensar colocar Tunas Académicas que irão actuar, alternadamente, pelo Largo Pintor Gata e o Largo D. Duarte”, onde estão localizados a maioria dos estabelecimentos, sublinhou o porta-voz dos empresários, José Hilário. “Se as pessoas souberem que o trânsito está cortado, mas existir animação, acabarão por vir”, sublinhou o mesmo responsável. Outra forma de atrair pessoas ao centro histórico poderá passar pela colocação de insufláveis para crianças, a colocar na zona velha da cidade. “Com as crianças, virão também os pais”, justificou José Hilário.
Morador elogia
Fernando Ruas Durante a visita ao centro histórico, o presidente da Câmara de Viseu foi surpreendido, com a abordagem de um homem que teve de apresentar aos dois agentes da polícia municipal, o cartão de residência para poder aceder ao centro histórico Antes de seguir pela rua do comércio, saiu do carro, e dirigiu-se a Fernando Ruas.” Parabéns Sr. Presidente por ter proibido os carros nesta zona”, afirmou Alexandre Maia, o jovem morador no centro histórico. “Sem carros, agora tenho sempre estacionamento”, referiu o residente. “É uma pena não ser assim durante todos os dias”, lamentou Alexandre Maia, tendo em conta que a proibição de trânsito só acontece às sextas e sábados à noite. Em declarações ao DIÁRIO AS BEIRAS, o morador afirmou ter a percepção de que, passou a circular um maior número de pessoas. desde que a autarquia, com o aval da Associação comercial do distrito de Viseu, proibiu a circulação de viaturas no centro histórico. “É muito melhor! As pessoas passeiam com carrinhos de bebés e toda a gente anda mais à vontade”, afirmou Alexandre Maia.
PS pede cancelamentoda proibição de trânsito
Miguel Ginestal, vereador do PS na Câmara municipal de Viseu (PSD) apresentou, na última reunião do executivo, uma proposta para que fosse suspensa a proibição da circulação automóvel no centro histórico da cidade. “Estamos de acordo que os carros não entrem no centro histórico, mas só depois de ser feito o trabalho de casa”, sublinhou o vereador da oposição na autarquia. Miguel Ginestal defendeu que, primeiro, há que construir parques de estacionamento implementar animação regular na zona.
Perante os protestos dos proprietários dos bares e do centro histórico que no passado dia 17 de Agosto, colocaram cartazes nos estabelecimentos comerciais onde se lia “Vende-se ou trespassa-se por falta de clientes”, Miguel Ginestal afirmou que a medida que pretendia retirar os carros e atrair pessoas teve um efeito contrário: “Saíram os carros e as pessoas”, afirmou. Na habitual conferência de imprensa, no final de cada reunião do executivo camarário, Fernando Ruas afirmou estar convicto de que a medida é do agrado da maioria dos munícipes. “Como é que eu Sei? É intuição e a minha interpretação do sentir dos viseenses”, sublinhou o autarca. “Faço aquilo que acho melhor, caso contrário estaria aqui um robot”, referiu ainda o autarca. “Não vou fazer, mas se houvesse um referendo, as pessoas responderiam que queriam para sempre a ausência de carros no centro histórico”, intuiu o autarca.

Sandra Ferreira in As Beiras (7-08-2007)

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