quinta-feira, 10 de julho de 2008

Funicular começa a ser uma realidade

A Rua Silva Gaio recebeu ontem o 'pontapé de saída' do funicular, uma obra que promete revolucionar o Centro Histórico de Viseu
As obras do funicular, que vai ligar a zona da Feira de S. Mateus à Sé Catedral de Viseu, arrancaram ontem. Numa primeira fase, os trabalhos vão incidir na Rua Silva Gaio, mais propriamente no troço entre as Calçadas de S. Mateus e de Viriato.
A azáfama no local foi considerável durante todo o dia, não só devido ao funcionamento das máquinas, mas também a alguma curiosidade por parte dos viseenses. Quem se desloca à empreitada, que incide sobretudo em trabalhos de construção civil, pode constatar que o pavimento está a ser arrancado, de modo a permitir que sejam enterrados os equipamentos ligados à água, luz e esgotos.
"Como não podemos fechar toda a zona, as obras começam no troço entre as duas calçadas", explicou o vice-presidente da Câmara Municipal de Viseu, Américo Nunes, salientando que houve a preocupação de informar os moradores.
Numa segunda etapa, os trabalhos deverão incidir sobre a construção da estação inferior que, como colide com a realização da Feira de S. Mateus, deverá arrancar logo após o encerramento do certame (21 de Setembro). Paralelamente será instalada a segunda estação, colocada nas traseiras da Casa do Adro, onde já existiu um parque de estacionamento.
As atenções centram-se, posteriormente, no percurso que será feito pelas carruagens: Ponte de Pau, Travessa de Viriato, e cruzamento com as ruas D. José da Cruz Moreira Pinto, Serpa Pinto e Silva Gaio. Nestes últimos casos, o trânsito será disciplinado através da colocação de semáforos, regulados por um sistema interno de vigilância.
Numa etapa posterior será a vez de colocar em funcionamento todas as estruturas mecânicas, nomeadamente os componentes motores, os cabos e as carruagens.
Investimento compensado
A instalação do funicular terá uma duração prevista de cerca de 300 dias, ou seja, este equipamento deve estar operacional dentro de cerca de um ano. Embora o vereador espere que tudo "corra dentro da normalidade", a verdade é que a data poderá ser condicionada, se forem encontrados vestígios relevantes no subsolo.
As obras vão revolucionar a imagem que se tem da área abrangida pelo funicular, uma vez que o próprio pavimento será alterado.
Ainda assim, e de acordo com o autarca, o projecto de arquitectura previsto para o local inclui, nas futuras instalações, a colocação de uma memória da calçada portuguesa.
O investimento total do meio de transporte mecânico não poluente, está orçado em 6 milhões de euros, mas Américo Nunes espera que as repercussões para a cidade sejam significativas.
"É uma obra estrutural e vem dar maior visibilidade e projecção a Viseu", considerou, notando que se trata de uma estrutura que se distingue pela invulgaridade e por ser 'sui generis'.
"Espero que os turistas que vêm ao Centro Histórico, para verem o conjunto arquitectónico composto pelo Museu Grão Vasco, Sé Catedral e Misericórdia possam estacionar os seus carros na feira e subirem no funicular", realçou a propósito daquela que é uma das mais emblemáticas promessas do Viseu Polis.
Facilitar o acesso a monumentos como a Cava de Viriato, na baixa, e à Sé Catedral, museus de Grão Vasco e de Arte Sacra, Casa do Miradouro, Casa do Adro, Igreja da Misericórdia e Porta dos Cavaleiros, na parte alta, é outra das vantagens associadas ao equipamento.
Capacidade
O funicular, que possui um sistema de segurança 'fail safe' (à prova de falhas), vai ligar a zona ribeirinha da cidade ao centro histórico, e será complementado com interfaces com os miniautocarros, já em actividade. O meio de transporte terá duas carruagens, cada uma com capacidade para transportar 50 passageiros (10 dos quais sentados e com marcação de lugar para cadeira de rodas), que circularão em simultâneo nos percursos ascendente e descendente, vencendo um desnível que chega a atingir os 16 por cento. Os cerca de 300 metros com acentuada inclinação serão vencidos em cerca de dois minutos (sem contabilizar paragens ou abrandamentos), permitindo, além do descanso físico, uma vista deslumbrante a partir da parte mais alta da cidade de Viseu.
A electricidade será o principal motor de propulsão do veículo, que conta também com uma "auto-ajuda", ou seja, a carruagem que desce puxa, mediante cabos colocados no sub--solo, aquela que sobe.
texto de Andreia Mota in Diário de Viseu (10-07-2008)

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