quarta-feira, 15 de abril de 2009

Carta Aberta do Assiz


João Francisco Campos Assis, nascido a 23 de Junho de 1956, natural da freguesia de Cedovim, concelho de Vila Nova de Foz-Côa, distrito da Guarda, filho de Eduardo Assis e de Bárbara do Nascimento Campos, portador do B.I. nº 4429024 e do contribuinte nº 102419191, casado e residente na rua Dr. Álvaro Monteiro, lote 11, 4º dt. ,3510-014 em Viseu, vem expor o seguinte: Após ter trabalhado durante 35 anos na mesma empresa no ramo farmacêutico, foi despedido por motivos relacionados com a necessidade de redução de funcionários.
Padece de uma doença degenerativa do sistema nervoso central - Paraparésia Espástica dominante familiar - altamente progressiva e incapacitante a nível motor até aos 100%, doença que afectou e afecta outros membros da família.
A doença desta família tem sido objecto de estudo há mais de doze anos, primeiro num laboratório de um centro de genética em Paris, a pedido do departamento de Neurologia do Hospital de Santo António, no Porto.
Devido ao encerramento desse Instituto, o estudo passou a processar-se no Porto, na Faculdade de Medicina. Apesar dos avanços obtidos, está ainda longe a sua conclusão. Tem sido acompanhado por médicos Neurologistas que, além da medicação diária, recomendam fisioterapia frequente, afim de retardar os efeitos da doença. Não tendo meios financeiros para custear essas sessões de fisioterapia, tentou, através da Segurança Social, obter tratamento adequado e financeiramente acessível e, como resposta, foi-lhe dito que o poderia fazer gratuitamente, desde que aceitasse deslocar-se de ambulância a uma localidade que dista cerca de 70/80 km..
Acontece que em Viseu existem diversas clínicas de fisioterapia registadas na ERS - Entidade Reguladora da Saúde e licenciadas pela Direcção Regional de Saúde que mantêm acordos com a ADSE, PT/ACS, SAMS, SSCGD, AdvanceCare, Sindicatos e Companhias de Seguros, dispostas a assinar um protocolo com a Segurança Social a exemplo desses que já têm.
Ora de duas uma. Ou todas essas entidades delapidam dinheiro privado ao manterem esses protocolos ou é a Segurança Social que malbarata fundos públicos em transportes desnecessários para distâncias consideráveis quando o mesmo tratamento podia ser feito localmente e sem essa componente de custo que é o transporte de doentes.
Qual será o sistema mais lógico, mais humano e mais justo? Pagar a um motorista, a uma ambulância e a uma clínica fora da cidade, ou assinar um protocolo com uma clínica da cidade poupando noutros gastos? O que move o signatário não é apenas o tratamento absurdo e pouco dignificante que é dado ao seu caso pessoal.
É também o cumprimento de um dever de cidadania que, pelos vistos não preocupa os responsáveis: combater a delapidação de dinheiro que é de todos nós. O assunto foi recentemente tratado pela estação de televisão SIC (http://www.sic.pt/online/video/informacao/Nos+Por+Ca/2009/3/filhos-e-enteados.htm), local onde pode ver-se o desconchavo das soluções preconizadas pelo responsável da Segurança Social distrital.
Entretanto, enquanto espera pela solução, a paraparésia vai ganhando terreno.

Viseu, 23 de Março de 2009 João Assis

Enviado para os nossos governantes e opositores
Aguardo resposta
João Assis
Recebemos esta carta do Xico Assiz em sequência do nosso post (http://baroesdaseviseu.blogspot.com/2009/03/assiz.html) sobre a reportagem transmitida na SIC. Todos nós podemos colaborar comentando a mesma reportagem em http://www.sic.pt/online/video/informacao/Nos+Por+Ca/2009/3/filhos-e-enteados.htm .

1 comentário:

(V@R)ito disse...

Infelizmente isto é a mais pura verdade. O meu pai está a atravessar o mesmo problema.
Em Viseu não dá gosto viver, muito menos se se está doente.