segunda-feira, 7 de abril de 2008

Centro Histórico de Viseu

A reabilitação do centro histórico de Viseu, dotando-o de alma e de gente, é vista com expectativa. Uma obra que deverá ficar pronta em nove anos e que vai revolucionar a cidade
O centro histórico de Viseu vai ser, urbanisticamente, revolucionado. Uma área com cerca de 26 hectares, partindo do núcleo central Sé, Igreja da Misericórdia e Museu Grão Vasco, vai ser intervencionada num projecto que levará cerca de nove anos a ficar concluído.
Um investimento global de 114 milhões de euros e que pretende tornar Viseu na "cidade modelo do século XXI". Tal como o nosso jornal já tinha noticiado, trata-se de um projecto de "regeneração urbana" e que foi apresentado aos viseenses numa sessão que decorreu no Centro Paroquial de S. José, perante uma plateia de cerca de 300 pessoas. As intervenções vão acontecer no âmbito de um estudo de enquadramento estratégico para a revitalização do centro histórico pedido pela Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) Viseu Novo à Parque Expo.

O presidente do Conselho de Administração da SRU e vice-presidente da Câmara de Viseu, Américo Nunes, prevê que daqui a nove anos exista mais gente no centro histórico e "corredores verdes abertos". "É preciso termos alma dentro dos imóveis e é esse o nosso grande objectivo: atrair pessoas para o centro histórico, com uma estratégia bem definida", disse.
Anunciou ainda que até ao dia 17 de Abril será possível reunir "um conjunto de actores importantes do centro urbano" das áreas da economia, cultura e apoio social para apresentarem "uma candidatura de parcerias para a regeneração urbana" ao Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN). Apelou ainda a que todos contribuam com sugestões para "voltar a dar vida" ao Centro, lembrando que a SRU tem à disposição na sua sede, na Casa do Miradouro, um gabinete aberto para receber propostas, nomeadamente no sentido de saber que obras consideram prioritárias.
Já o presidente do Conselho de Administração da Parque Expo, Rolando Borges Martins, explicou que a novidade deste estudo é "uma visão global para todo o centro histórico, de reabilitação, por um lado, mas sobretudo de revitalização, com a introdução de uma dimensão para lá do edificado", centrada na actividade económica e nas pessoas que lá vivem.
Segundo Rolando Borges Martins, o território em causa "é riquíssimo e o potencial está lá todo, faltava olhar para ele de uma forma global e depois chegar caso a caso".

Centro histórico com mais espaços verdes e lugares de estacionamento
O centro histórico, para esta reabilitação, foi dividido em oito núcleos.
Núcleo 1
O primeiro envolve a revitalização da Praça 2 de Maio e a melhoria da sua articulação com o espaço público envolvente, bem como a criação de uma ligação pedonal entre as ruas Cónego Martins e Chão Mestre. Será ainda feita a requalificação da Praça D. Duarte, da Rua Grão Vasco e do Largo Pintor Gata, dando destaque à valorização destes espaços enquanto locais de lazer. A reconversão do edifício "Ecovil", adaptando-o ao meio, e a intervenção no Largo da Misericórdia completam as requalificações deste espaço.
Núcleo 2
Nesta zona vai ser construído um novo empreendimento habitacional e espaço verde na Rua Capitão Silva Pereira. As ruas do Chantre e da Prebenda sofrerão também obras de requalificação, assim como será valorizado o "afloramento rochoso" integrado na base da fachada da Sé no largo de S. Teotónio.
Núcleo 3
Para este espaço está projectada uma ampla praça de uso público e de um estacionamento subterrâneo na Rua Capitão Silva Pereira. Aqui serão ainda construídos edifícios habitacionais e equipamento de apoio à infância. Vão igualmente ser criadas novas ligações entre a Avenida Capitão Silva Pereira e a Rua Direita, através das ruas da Viela da Carqueja e do Gonçalinho.
Núcleo 4
A zona quatro do centro histórico envolve a valorização do Largo António José Pereira e a construção de um parque de estacionamento. No jardim da Casa do Miradouro, e aproveitando a construção do terminal do funicular, será criada uma zona verde. Ainda nesta zona, serão reabilitados os edifícios de três quarteirões limitados pelas ruas Escura, Calçada da Vigia, S. Lázaro e Direita, assim como os espaços verdes no gaveto da Rua Silva Gaia.
Núcleo 5
Neste espaço será instalado o funicular que melhorará o acesso ao centro e nascerá uma nova unidade hoteleira, através da readaptação de um imóvel, e um corredor pedonal e ciclável.
Núcleo 6
A valorização no largo existente na confluência da Rua Silva Gaio com a Dr. Maximiano de Aragão, a reabilitação do espaço público e vias envolventes ao Jardim dos largos Major Teles e Almeida Moreira e a preservação do espaço verde de uma parcela propriedade do episcopado são as intervenções previstas.
Núcleo 7
Nesta zona, o Largo Mouzinho de Albuquerque ficará com uma "nova cara", fazendo a ligação entre o Teatro Viriato e a Escola Secundária Emídio Navarro. Será também construído um parque de estacionamento subterrâneo, enquanto que a Avenida Emídio Navarro será remodelada, assim como será dada mais dignidade à Porta dos Cavaleiros.
Núcleo 8
Este espaço irá compreender a valorização e reabilitação dos quarteirões da Rua João Mendes.

Texto de Sandra Rodrigues in Diário de Viseu (07-04-2008)
Fotos: Barões da Sé de Viseu

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